sexta-feira, 29 de maio de 2009

Des.Abafo


... E que eu sempre possa ter paciência com as criaturas que me pedem para parar de usar preto.
Meu Deus, por que ninguém consegue deixar os outros em paz?
Por que eu não tenho o direito de me vestir de preto tranqüilamente?
O corpo é meu.
O calor que eu sinto, as vibrações negativas, o visual mórbido, os quatro cavalheiros do apocalipse vindo arrancar a minha cabeça - e sei lá mais que outros males dizem que usar preto provoca - são TODOS, sem nenhuma exceção, problemas que eu terei que enfrentar na minha vida. Ou assim todos me dizem. Mas se os problemas serão meus, por que diabos todo o resto do universo não pode me deixar em paz para curtir meu pretinho básico nesses poucos anos saudáveis que me restam?
Mas não, o ser humano tem a incrível necessidade de se meter em tudo o que os outros fazem! Como alguém muito mais esperto do que eu já disse: "Tudo que é bom é ilegal, imoral ou engorda"...
Se a menininha usa rosa, é fofa; se o menininho usa azul, é macho... porque eu não posso usar preto?
O ser humano não consegue viver e deixar os outros em paz. Ele precisa tomar conta da vida alheia mesmo que não se importe muito com ela. Ainda acho que é esse instinto imbecil, de se incomodar com tudo que os outros fazem, que provoca a maioria das guerras do mundo. Não me basta ter um Deus. Se eu sei que outras pessoas têm um Deus diferente do meu, eu preciso matá-los ou obrigá-los a aceitar o meu Deus. Mas jamais posso aceitar as diferenças pacificamente. Ê intolerância... eu nunca me acostumarei a essa linha de pensamento. Viva e deixe viver.

"Dê-me um cigarro
Diz a gramática
do professor e do aluno
e do mulato sabido.
Mas o bom negro
e o bom branco
da nação brasileira
dizem todos os dias:
'Deixa disso, camarada.
E me dá um cigarro. '"



... E ME DEIXEM USAR PRETO!

Extra!


Tenho o pequeno hábito de procurar notícias pela internet, para saber se alguma coisa de relevante aconteceu e mudou o mundo.


Volta e meia me deparo com notas interessantes, não do ponto de vista da informação em si, mas sim pelo fato de que são non sense ou risíveis. Outro dia, vi no Yahoo.com uma lista com as dez leis britânicas mais absurdas. Achei que seria engraçado, mas nem tanto. Era só chato mesmo. Uma das tais leis proibia que pessoas morressem dentro de casas do Parlamento (!). Enfim, eram nesse nível. Às vezes, também acontece isso, as redações investem em algo que de tão ridículo pode se tornar motivo de piada e se popularizar, mas acabam criando um artigo simplesmente entediante.


Bem, não acho que seja o caso da notícia que encontrei hoje no Portal Terra. Dêem uma olhada:

"Ladrão é absolvido por ser 'muito bom' para crime

Um veterano ladrão australiano foi absolvido após uma corte concordar que ele era muito experiente para ter cometido o crime de que era acusado. Ernst Stummer, 69 anos, foi acusado de invadir uma loja em Viena e roubar produtos no valor de mais de R$ 2 mil depois que a polícia encontrou seu DNA em alicate deixado no local.

Os advogados de Stummer, que já foi condenado em 18 acusações de roubo, convenceram a corte de que os erros do ladrão eram muito 'básicos' para terem sido cometidos pelo seu cliente. 'Ele é experiente o suficiente para não arrombar um prédio que tem alarme de segurança', disse o advogado Roland Friis.

'Além disso, nenhum ladrão razoável usaria esses alicates para um trabalho e meu cliente com certeza teria usado luvas. Na verdade é quase um insulto que o acusem de tal estratégia diletante', afirmou na corte.

'Provavelmente os alicates são meus, mas eu tenho um monte de alicates e ferramentas que eu empresto as vezes para pessoas não muito confiáveis. Eu acho que alguém cometeu o crime usando meus alicates, mas não fui eu', disse o réu.”


Ou seja, o cara era profissional demais para se envolver em um crime tão sem graça! Então tá, né? Já assistiram ao filme "Armadilha" (Entrapment), com Sean Connery e Catherine Zeta-Jones? Então, o cara é quase um Mac da vida.

**Ok, considerações a fazer:

1) Por favor, alguém pode me arrumar o telefone desses advogados? Sim, pois se algum dia eu for acusada de um crime, ficaria muito feliz se eles me defendessem...

2) Imagina se a moda pega no Brasil?? O pessoal do Senado ia adorar! "Não, meritíssimo, mas eu sou muito experiente para cometer um roubo tão pequeno e básico... Lavagem de dinheiro? Ah, isso é coisa para amador..."

Well, anyway...

Revistas Femininas


Estava em casa, mais uma noite de insônia e sem planejamento algum posterior.


Na quarta hora sem sono, sentei na sala e olhei para o lado: uma pilha de revistas femininas.


Tinha revistas antigas e outras mais NOVAS; comecei a folheá-las. Já na capa, algumas das matérias: "Veja as maquiagens que são necessárias para a sua idade: 20, 30 e 40 anos". "Testes:

Ele gosta de você ou só te engana?"

Tem uma explicação lógica para isso: depois de se produzir, você tem que ver se a make da revista funciona, né gatona!? Então, é aí que entra o teste...

Dependendo do seu resultado, poderá ir para três reportagens:

*Resultado positivo - "Ele realmente ama você". Parabéns! Existe uma reportagem na página 69(!): "Como apimentar o sexo: entrevista exclusiva com a pompoarista chinesa erradicada na França e descendente de árabes, Rala Iram Lá!";

*Resultado negativo - Sorry, baby! Ele não te ama, mas não fique triste; existe uma reportagem especial para você na página 80, com uma série de exercícios físicos e dietas recheadas de modelos magérrimas, vítimas da anorexia, bulimia e falta de vergonha na cara. E não se preocupe, por que a revista foi feita para você!

*Resultado chove e não molha - Dê um up no visual! Nas páginas seguintes, terão dicas de moda com roupas que você, pobre trabalhadora, irá se endividar para comprar. Dica: caso não tenha dinheiro ou cartão de crédito, console-se com a página das previsões astrológicas e sonhe com o futuro, honey!

Cansada de ver as capas das revistas com as mesmas FÓRmulas de sucesso - reportagens banais cercando os rostos de mulheres "famosas", com todos os recursos humanos e tecnológicos possíveis, que evoluem cada vez mais (vide as capas pré-photoshop) - levantei algumas hipóteses:

Hipótese 1: As revistas femininas são produzidas por homens.

Sim, óbvio... afinal, não existe motivo para que mulheres doutrinem outras para viver em função de homens, através de dietas malucas e exercícios, apenas para entrar em um vestido P para o marido, namorado, ficante. As revistas femininas são extremamente machistas!

Hipótese 2: As piadas sobre as mulheres estavam certas!

Sou um exemplar da espécie feminina, observando a quantidade de mulheres que compram revistas desse tipo e aderem à uma visão "Amélia que era mulher de verdade" (só que com muita vaidade). Nós não podemos escrever e ler isso... Será que queremos acabar com a nossa autonomia que é conquistada aos poucos a cada dia?

Hipótese 3: Revistas femininas são escritas por extraterrestres que querem criar uma legião de escravas sexuais que vivam neuroticamente preocupadas com a sua própria aparência competindo para ver quem é melhor.


*Na dúvida, marque a letra "c"

Bandas fofas





Em um mundo repleto de ódio, intolerância racial, intolerância religiosa, maldade, crueldade, sacanagem, Rita Lees e Ozzy Osbournes - enfim, coisas que nos deixam mal - certos momentos pedem, praticamente imploram por uma música descompromissada, leve, linda, solta, bacana; uma música que nos deixe alegrinhos, ternos, fofos, uma música cantada por uma banda totalmente fofa (sem preconceitos, por favor).

Mas, afinal, o que são as tão faladas bandas fofas (como as maravilhosas The Cardigans; The Thrills; Saint Etienne; Stereolab; Belle and Sebastian; Cinammon, Air; Beth Gibbons; etc).

Bandas fofas, queridos (viram como já estou contagiada?), são bandas legais, bandas pop, bandas autênticas, bandas desencanadas que não levam o mundo capitalista politicamente correto a sério e estão pouco se lixando se tem gente morrendo de fome na África.

Bandas fofas se preocupam apenas com o coração, com o sentimento, com o ritmo, e jamais têm vergonha disso. JAMAIS. Bandas fofas são bandas tranqüilas. São bandas que realmente precisamos ouvir quando a coisa fica feia e a vida exige ser encarada como verdadeiramente ela é: rude, cruel e mesquinha (como esse navio negreiro que eu freqüento de segunda a sexta).

Bandas fofas são aquelas que produzem um sorrisinho besta de alívio. Um sorrisinho besta de felicidade.

Bandas fofas são o punk da atualidade. A única coisa verdadeiramente transgressora nesse mar de lama e chatice que se tornou o mundo musical do século vinte e um.

Bandas fofas transgridem muito mais do que qualquer banda de metal. Pode apostar.

EU ADORO BANDAS FOFAS... vocês deveriam ouvi-las também...



Ouvindo Perry Mason, a primeira canção fofa do planeta, de Ozzy Ousborne.



O "Metralhadora" (sic)


"O Funk carioca é a coisa mais punk que apareceu na última década" - Marcelo Yucca, na capa da Outra Coisa (02/04).

''O proibidão é feito para ser cantado no baile, não pode ser gravado nem comercializado. Não é uma apologia ao crime, mas um relato da minha comunidade. O funk nasceu na favela e infelizmente o tráfico também faz parte dela. A sociedade não está preparada para entender o proibidão, porque quem não sofre não dá valor ao sofrimento.[...] Traficante não é bicho não [....] E tem consciência, pelo menos onde freqüento, que o tráfico faz mal à comunidade. Quem não quer ter paz, justiça e liberdade? Essa é uma ideologia de uma facção criminosa." Mr. Catra, o auto-intitulado rei do funk proibidão, ao JB.

Tem gente que acha alguns notórios falastrões "contundentes" ou "provocadores". Particularmente acho que 95% do que eles falam não passam de bravatas e frases de efeito - e das mais baratas.

Parece que agora eles até tem veículos de mídia próprios, embora não faltassem meios para reverberar essas apelações nos espaços já existentes, tamanho é o fascínio que esses tipos exercem no imaginário jornalístico-popular. Tem gente que acha termos como "anarco-colunistas", "guerrilha cultural", "metralhadora verbal", "imperialismo midiático" quase que sexualmente estimulantes.

O que eu gostaria MESMO é que as pessoas fossem mais fascinadas por argumentos concretos do que por coisas desse tipo, mas já faz tempo que perdi as esperanças.

O mundo é dos ecléticos!


Sim, o mundo é de quem gosta de chocolate e, ainda assim, não dispensa uma salada de rabanete. Herdarão o reino dos céus os que lêem Rhonda Byrne e seu segredo com o mesmo entusiasmo de quem saboreia Proust. Só sobreviverão os que colocam Noel Rosa e The Strokes na mesma playlist do Media Player.

Para o eclético, qualquer hora é hora e qualquer lugar é lugar. É o bissexual da cultura, o indeciso dos sabores. O eclético se recusa ficar compartimentado, segregado do resto do mundo. O eclético quer é farra.

O eclético adiciona todo mundo com quem simpatiza no Orkut, não só quem ele conhece pessoalmente. O eclético come picanha sangrando, mas não recusa um strogonoff de soja no capricho. O eclético toma vinho, cerveja, suco e Pepsi Twist, tudo sem exagero e na hora e clima corretos.

Um eclético fica menos tempo desempregado, pois aceita novas experiências com mais facilidade. O eclético sabe que nem todo mundo que é filiado ao PV, quer o bem da natureza e nem todo mundo que milita no DEM é um enviado de belzebu para destruir a vida na Terra.

Ecléticos surpreendem. Chegam de cabelo espetado pintado de pink e, numa boa, cantam uma Bossa Nova daquelas bem calminhas, só para contrariar. Ecléticos confundem suas namoradas ao sugerirem programas díspares como idas a museus, um show do Fundo de Quintal ou uma corrida naquela pista de kart perto do shopping. Só os ecléticos têm paciência para assistir o horário político enquanto esperam a novela das oito começar, finalmente, às nove e meia.

Na fila da locadora, há uma menina com vários dvd’s nas mãos: um clássico em preto e branco, um pacote com uma temporada inteira dos Simpsons e o último lançamento de Woody Allen. Com certeza, se trata de mais uma feliz e eclética cinéfila que vai passar no Mundial antes de ir para casa, para comprar pipoca e calda de chocolate para colocar por cima.

Ecléticos sofrem menos. Ecléticos vivem mais e ficam menos doentes. Ecléticos são mais interessantes e mais bonitos, pois estão sempre mudando o cabelo e experimentando novos estilos. Ecléticos são mais legais e sempre têm assuntos novos para aquele bate papo na fila do metrô. Ecletize-se você também.

Está lançada a nova panacéia da Era de Aquário.


( E VIVA A TEORIA DA CASQUINHA!)

quarta-feira, 27 de maio de 2009

A Poeira do Heavy Metal



O Dust era uma grande banda americana da década de 70. E ficou mais conhecida aqui no Brasil como a ex-banda do baterista Marky Ramone. O grupo teve curta discografia, porém marcante; o primeiro disco ainda é bastante procurado.
Em meados dos anos 60 e na década seguinte, com a Invasão Britânica, o cenário do mundo do rock, principalmente no que tange o heavy metal, era dominada pelas bandas inglesas. O Dust era um oásis no deserto.
A banda se formou em meados de 1968, com o guitarrista e vocalista Richie Wise, o baixista Kenny Aaronson e o baterista Marc Bell. Ainda contavam com Kenny Kerner como letrista, empresário e produtor. Eles lançaram o primeiro disco, intitulado Dust, em 1971, pelo selo Kama Sutra. No ano seguinte, lançam Hard Attack. Infelizmente (ou não), eles gravaram apenas esses dois álbuns. Aaronson entrou para os Stories em 1973, e Wise e Kerner tornaram-se produtores (trabalharam também com os Stories). Marc Bell foi parar na cena punk de Nova Iorque, tocando no Richard Hell & The Voidoids, e mais tarde foi tocar no the Ramones, sob o nome de Marky Ramone.
Mas aí, já é outra história.